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O Diário de Um Tiefling
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O Diário de Um Tiefling
A quem interessar possa, encontrei o diário de um Tiefling...
diariodeumtiefling.wordpress.com
Veja a primeira entrada encontrada no diário:
Começar é sempre difícil. Mas se eu pensar que este não é o começo, ficará mais fácil.
Podemos dizer que o começo foi quando eu decidi que era importante colocar em palavras o que realmente aconteceu. E por que é tão importante? Por dois motivos:
Quando você escreve, você precisa seguir uma linha de raciocínio para que o leitor não fique confuso. Você pega aquele fato, aquele acontecimento, que é um bolo de lembranças em sua cabeça, e vai transformando num evento linear, lógico, contínuo, o que ajuda (e muito) a você mesmo compreender o que aconteceu de verdade.
Quando você conta uma mentira várias vezes, é inevitável que, aos poucos, você acabe acreditando nela. O que vou escrever aqui é a verdade, bem diferente da mentira que conto para todos. Se eu tiver isso escrito, vai ficar mais fácil, no futuro, para mim mesmo lembrar o que foi que realmente aconteceu.
Eu poderia começar pelo incêndio que mudou a minha vida. Não o primeiro incêndio, que me mostrou tanto sobre o mundo. Estou falando sobre o segundo incêndio, que me mostrou ao mundo. Mas vou começar de um pouco antes. Na verdade, muito antes. Vou começar por alguns fatos da minha infância que vão ajudar a explicar quem eu sou, principalmente para mim mesmo porque, verdade seja dita, eu não sei direito quem sou.
Desde criança, quando eu comecei a entender o que acontecia à minha volta, eu percebi que eu era diferente. Eu escutava Sêmele falando, ou melhor, implorando, para que o curandeiro que me visitava não revelasse a ninguém a minha natureza. Eu nunca entendi bem o que ela quis dizer com isso, mas isso me fez começar a observar o que eu tinha de diferente deles.
Para começar, havia algo que, através dos olhos de uma pessoa pequena, era, no mínimo assustador.
Sêmele, que sempre esteve lá, o curandeiro e uma elegante mulher que uma vez apareceu, eram os únicos que eu havia conhecido até então. Os três possuíam algo negro que as perseguiam. Eu procurava esta escuridão em mim mas nunca conseguia encontrar. Então eu observava a escuridão dos outros e eu me lembro de ter chegado às seguintes conclusões:
A escuridão foge da luz. Esse lado negro das pessoas sempre estará do lado oposto de qualquer fonte de luz.
As pessoas parecem não perceber, ou não enxergar, ou fingir que não existe essa assustadora forma negra que as persegue constantemente.
A escuridão não tem um formato ou tamanho específico, apesar de seu contorno ser sempre semelhante a de quem a escuridão está acompanhando, ela pode esticar, encolher, retrair-se ou extender-se como desejar, sempre, como já comentei, fugindo da luz.
Eu ainda era muito novo. Eu compreendia tudo mas, por mais que eu me esforçasse, não conseguia pronunciar as palavras que meu cérebro formava. Muito mais tarde descobri que esta também era uma diferença da minha natureza. Intelectualmente eu me desenvolvi mais depressa que fisicamente. E tive que esperar meses até que minhas cordas vocais estivessem desenvolvidas o suficiente para conseguir falar.
E quando, finalmente, eu comecei a formar palavras, eu comecei a fazer perguntas, e nos olhos dela eu vi o medo. Acho que aquelas que cuidam da gente quando pequenos, normalmente, gostam quando seus filhos se desenvolvem rapidamente, quando eles começam a andar, começam a formar as palavras, mas esse não foi o caso da minha.
Eu percebi que eu havia me desenvolvido rápido demais, e isso fez com que Sêmele se assustasse. No fundo, mesmo ela nunca tendo dito isso, eu sabia que o que ela mais queria é que a minha natureza fosse igual a de todos, ela queria que aos seis meses de idade, eu estivesse formando as primeiras sílabas, e não fazendo perguntas…
Sêmele, O que é esta escuridão que te acompanha?
Ela ficou muito assustada… Tão assustada que saiu do quarto e voltou muito tempo depois. Não sei dizer quanto, pois naquela época ainda não havia aprendido a contar o tempo, mas para mim pareceu uma eternidade.
Curioso como a primeira lembrança que tenho da minha infância é a imagem dos olhos amedrontados de minha mãe.
Curioso como a primeira lembrança que tenho da minha infância é a imagem dos olhos amedrontados dela.
Percebendo que meu desenvolvimento precoce a havia assustado, eu fingi ser estúpido, lento, devagar no meu aprendizado o que, de certa forma, a agradava. E foi a partir desse dia que eu comecei a buscar uma forma de fazer com que a minha natureza fosse igual à natureza de todos. Foi a partir desse dia, com seis meses de idade, que eu comecei a desejar a escuridão. Eu queria ter esse forma soturna me perseguindo, exatamente como todos que eu conhecia. Como ninguém havia sequer tocado no assunto, eu ainda não sabia o nome dessa forma enegrecida. Mas, não muito tempo depois, ela me explicou.
Primeiro, com muito carinho, mas ainda com medo nos olhos, ela me explicou:
Não me chame de Sêmele. Assim é como os outros me chamam. Você me chamará de mãe.
A princípio, achei estranho. Ninguém a chamava assim. Essa, era uma palavra nova, que eu nunca havia ouvido antes. Mas, ela me chamava de filho, enquanto todos me chamavam de Dionísio, então foi fácil compreender.
Em seguida… Ela me explicou:
Essa escuridão que nos persegue, meu filho, se chama “sombra”.
diariodeumtiefling.wordpress.com
Veja a primeira entrada encontrada no diário:
Começar é sempre difícil. Mas se eu pensar que este não é o começo, ficará mais fácil.
Podemos dizer que o começo foi quando eu decidi que era importante colocar em palavras o que realmente aconteceu. E por que é tão importante? Por dois motivos:
Quando você escreve, você precisa seguir uma linha de raciocínio para que o leitor não fique confuso. Você pega aquele fato, aquele acontecimento, que é um bolo de lembranças em sua cabeça, e vai transformando num evento linear, lógico, contínuo, o que ajuda (e muito) a você mesmo compreender o que aconteceu de verdade.
Quando você conta uma mentira várias vezes, é inevitável que, aos poucos, você acabe acreditando nela. O que vou escrever aqui é a verdade, bem diferente da mentira que conto para todos. Se eu tiver isso escrito, vai ficar mais fácil, no futuro, para mim mesmo lembrar o que foi que realmente aconteceu.
Eu poderia começar pelo incêndio que mudou a minha vida. Não o primeiro incêndio, que me mostrou tanto sobre o mundo. Estou falando sobre o segundo incêndio, que me mostrou ao mundo. Mas vou começar de um pouco antes. Na verdade, muito antes. Vou começar por alguns fatos da minha infância que vão ajudar a explicar quem eu sou, principalmente para mim mesmo porque, verdade seja dita, eu não sei direito quem sou.
Desde criança, quando eu comecei a entender o que acontecia à minha volta, eu percebi que eu era diferente. Eu escutava Sêmele falando, ou melhor, implorando, para que o curandeiro que me visitava não revelasse a ninguém a minha natureza. Eu nunca entendi bem o que ela quis dizer com isso, mas isso me fez começar a observar o que eu tinha de diferente deles.
Para começar, havia algo que, através dos olhos de uma pessoa pequena, era, no mínimo assustador.
Sêmele, que sempre esteve lá, o curandeiro e uma elegante mulher que uma vez apareceu, eram os únicos que eu havia conhecido até então. Os três possuíam algo negro que as perseguiam. Eu procurava esta escuridão em mim mas nunca conseguia encontrar. Então eu observava a escuridão dos outros e eu me lembro de ter chegado às seguintes conclusões:
A escuridão foge da luz. Esse lado negro das pessoas sempre estará do lado oposto de qualquer fonte de luz.
As pessoas parecem não perceber, ou não enxergar, ou fingir que não existe essa assustadora forma negra que as persegue constantemente.
A escuridão não tem um formato ou tamanho específico, apesar de seu contorno ser sempre semelhante a de quem a escuridão está acompanhando, ela pode esticar, encolher, retrair-se ou extender-se como desejar, sempre, como já comentei, fugindo da luz.
Eu ainda era muito novo. Eu compreendia tudo mas, por mais que eu me esforçasse, não conseguia pronunciar as palavras que meu cérebro formava. Muito mais tarde descobri que esta também era uma diferença da minha natureza. Intelectualmente eu me desenvolvi mais depressa que fisicamente. E tive que esperar meses até que minhas cordas vocais estivessem desenvolvidas o suficiente para conseguir falar.
E quando, finalmente, eu comecei a formar palavras, eu comecei a fazer perguntas, e nos olhos dela eu vi o medo. Acho que aquelas que cuidam da gente quando pequenos, normalmente, gostam quando seus filhos se desenvolvem rapidamente, quando eles começam a andar, começam a formar as palavras, mas esse não foi o caso da minha.
Eu percebi que eu havia me desenvolvido rápido demais, e isso fez com que Sêmele se assustasse. No fundo, mesmo ela nunca tendo dito isso, eu sabia que o que ela mais queria é que a minha natureza fosse igual a de todos, ela queria que aos seis meses de idade, eu estivesse formando as primeiras sílabas, e não fazendo perguntas…
Sêmele, O que é esta escuridão que te acompanha?
Ela ficou muito assustada… Tão assustada que saiu do quarto e voltou muito tempo depois. Não sei dizer quanto, pois naquela época ainda não havia aprendido a contar o tempo, mas para mim pareceu uma eternidade.
Curioso como a primeira lembrança que tenho da minha infância é a imagem dos olhos amedrontados de minha mãe.
Curioso como a primeira lembrança que tenho da minha infância é a imagem dos olhos amedrontados dela.
Percebendo que meu desenvolvimento precoce a havia assustado, eu fingi ser estúpido, lento, devagar no meu aprendizado o que, de certa forma, a agradava. E foi a partir desse dia que eu comecei a buscar uma forma de fazer com que a minha natureza fosse igual à natureza de todos. Foi a partir desse dia, com seis meses de idade, que eu comecei a desejar a escuridão. Eu queria ter esse forma soturna me perseguindo, exatamente como todos que eu conhecia. Como ninguém havia sequer tocado no assunto, eu ainda não sabia o nome dessa forma enegrecida. Mas, não muito tempo depois, ela me explicou.
Primeiro, com muito carinho, mas ainda com medo nos olhos, ela me explicou:
Não me chame de Sêmele. Assim é como os outros me chamam. Você me chamará de mãe.
A princípio, achei estranho. Ninguém a chamava assim. Essa, era uma palavra nova, que eu nunca havia ouvido antes. Mas, ela me chamava de filho, enquanto todos me chamavam de Dionísio, então foi fácil compreender.
Em seguida… Ela me explicou:
Essa escuridão que nos persegue, meu filho, se chama “sombra”.
RafoliveiraCamponês -
Número de Mensagens : 2
Idade : 42
Localização : São Paulo
Desde quando você joga RPG? : 2010
Reputação : 0
Pontos : 3327
Data de inscrição : 16/10/2015
Re: O Diário de um Tiefing
Draculino achou o texto duca!!!! Tomara que Draculino o inspire com o vídeo abaixo:
draculinoAventureiro N. 4 -
Número de Mensagens : 275
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Localização : rio de janeiro rj brasil
Humor : palhaço
Desde quando você joga RPG? : Não lembro
Reputação : 3
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Data de inscrição : 25/06/2013
Re: O Diário de Um Tiefling
O vídeo foi ao mesmo tempo inspirador e chocante. Obrigado, Draculino.
RafoliveiraCamponês -
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Localização : São Paulo
Desde quando você joga RPG? : 2010
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Data de inscrição : 16/10/2015
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